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terça-feira, janeiro 13

a semente

Conta-se que por volta do ano 250 AC, na China, um príncipe
da região norte do país estava às vésperas de ser coroado
imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar.

Sabendo disso, resolveu fazer uma disputa entre as moças
da corte e as que se achassem dignas de sua proposta. Assim,
o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial,
todas as pretendentes e lançaria um desafio.

Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos,
ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma
leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um
sentimento de profundo amor pelo príncipe.

Ao chegar em casa, após relatar o fato à jovem, espantou-se
ao saber que ela resolveu ir a celebração, e indagou incrédula:
- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes as mais
belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da
cabeça. Eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne
o sofrimento uma loucura.

A filha respondeu:- Não, querida mãe, não estou sofrendo e
muito menos louca. Sei que jamais poderei ser a escolhida,
mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns
momentos perto do príncipe, isto já me faz feliz.

No dia da celebração a jovem chegou ao palácio.
Lá estavam, de fato, as mais belas moças, com as mais
belas roupas e as mais belas jóias, e com as mais
determinadas intenções.

No momento por todas ansiosamente esperado, o príncipe
anunciou o desafio:- Darei a cada uma de vocês uma semente.
Aquela que, dentro de seismeses, me trouxer a mais bela flor
será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.

A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições
daquele povo que valorizava muito a especialidade de cultivar
algo, sejam costumes,amizades, relacionamentos etc.

O tempo passou e a doce jovem, que não tinha muita
habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita
paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a
beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor
ela não precisaria se preocupar com o resultado.

Passaram-se três meses e nada surgiu onde plantara a sua
semente. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos
que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia ela
percebia cada vez mais longe arealização do seu sonho, mas
cada vez mais profundo era o seu amor.

Por fim, os seis meses se passaram e nada havia brotado.
Consciente do seu esforço e dedicação aquela moça comunicou
à sua mãe que, independente das circunstâncias, retornaria ao
palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada
além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.

Na hora marcada, estavam lá ela e as demais pretendentes,
só que seu vaso estava vazio, e todas as outras pretendentes
traziam uma flor, cada uma mais bela do que a outra, e das
mais variadas formas e cores. Ela estava admirada, nunca
havia presenciado tão bela cena.

Finalmente chegou o momento esperado e o príncipe
observou o vaso de cada uma das pretendentes
demonstrando muito interesse. Após passar por todas,
uma a uma, ele anuncia o resultado e indica aquela bela
jovem, filha da serva do palácio, como sua futura esposa.

As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações.
Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente
aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente, o
príncipe esclareceu:- Esta jovem foi a única que cultivou a
flor que a tornou digna de se tornar minha imperatriz: a flor
da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram
estéreis.

Se para vencer for necessário ser desonesto, perca.
Você será sempre um vencedor.

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