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sábado, dezembro 8

An interview

Chegou-me por e-mail, penso que vale compartilhar.

Rita Levi Montalcini, que tem 98 anos, recebeu o
Prêmio Nobel de Medicina há 21 anos, quando tinha 77.
Ela nasceu em Turín, Itália em 1909 e obteve o titulo de

Medicina na especialidade de Neurocirurgia.

Por causa de sua ascendência judia se viu obrigada a deixar
a Itália um pouco antes do começo da II Guerra Mundial.
Emigrou para os Estados Unidos onde trabalhou no
Laboratório Victor Hamburger do Instituto de Zoologia da
Universidade de Washington de Saint Louis.
Seus trabalhos junto com Stanley Cohen serviram para
descobrir que as células solo começam a se reproduzir
quando recebem a ordem para isso, ordem que é transmitida
por substâncias chamadas fatores do crescimento.

Recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia no ano 1986,
que compartilhou com Stanley Cohen.


- Como vai celebrar seus 100 anos?
- Ah, não sei se viverei até lá, e, além disso, não gosto
de celebrações. O que me interessa e eu gosto é do que
faço cada dia!
- E o que você faz?
- Trabalho para dar uma bolsa de estudos para as meninas
africanas para que estudem e prosperem... elas e seus países.
E continuo investigando, continuo pensando.
- Não vai se aposentar?
- Jamais! Aposentar-se é destruir cérebros! Muita gente se
aposenta e se abandona... E isso mata seu cérebro. E adoece.
- E como está seu cérebro?
- Igual quando tinha 20 anos! Não noto diferença em ilusões
nem em capacidade. Amanhã vôo para um congresso médico.
- Mas terá algum limite genético?
- Não. Meu cérebro vai ter um século... mas não conhece a
senilidade. O corpo se enruga, não posso evitar, mas não o cérebro!
- Como você faz isso?
- Possuímos grande plasticidade neural: ainda quando morrem
neurônios, os que restam se reorganizam para manter as mesmas
funções, mas para isso é conveniente estimulá-los!
- Ajude-me a fazê-lo.
- Mantenha seu cérebro com ilusões, ativo, faça ele trabalhar
e assim ele nunca vai se degenerar.
- E viverei mais anos?
- Viverá melhor os anos que viver, é isso o interessante.
A chave é manter curiosidades, empenho, ter paixões....
- A sua paixão foi a investigação cientifica...
- Sim e segue sendo
- Descobriu como crescem e se renovam as células do
sistema nervoso...
- Sim, em 1942: dei o nome de Nerve Growth Factor
(NGF, fator do crescimento nervoso), e durante quase
meio século houve dúvidas, até que foi reconhecida sua
validade e em 1986, me deram o prêmio por isso.
- Como foi que uma garota italiana dos anos vinte
converteu-se em neurocientista?
- Desde menina tive o empenho de estudar. Meu pai
queria me casar bem, que fosse uma boa esposa, boa mãe...
E eu não quis. Fui firme e confessei que queria estudar.
- Seu pai ficou magoado?
- Sim, mas eu não tive uma infância feliz: sentia-me feia,
tonta e pouca coisa... Meus irmãos maiores eram muito
brilhantes e eu me sentia tão inferior...
- Vejo que isso foi um estímulo...
- Meu estimulo foi também o exemplo do médico Albert
Schweitzer, que estava em África para ajudar com a lepra.
Desejava ajudar aos que sofrem, isso é meu grande sonho.
- E você tem feito... com sua ciência.
- E, hoje, ajudando as meninas da África para que estudem.
Lutamos contra a enfermidade, a opressão da mulher nos
paises islâmicos por exemplo, além de outras coisas...!
- A religião freia o desenvolvimento cognitivo?
- A religião marginaliza muitas vezes a mulher perante o homem,
afastando-a do desenvolvimento cognitivo, mas algumas religiões
estão tentando corrigir essa posição.
- Existem diferenças entre os cérebros do homem e da mulher?
- Só nas funções cerebrais relacionadas com as emoções,
vinculadas ao sistema endócrino. Mas quanto às funções
cognitivas, não tem diferença alguma.
- Por que ainda existem poucas cientistas?
- Não é assim! Muitos descobrimentos científicos atribuídos
a homens, realmente foram feitos por suas irmãs, esposas e filhas.
- É verdade?
- A inteligência feminina não era admitida e era deixada na sombra.
Hoje, felizmente, tem mais mulheres que homens na investigação
cientifica: as herdeiras de Hipatia!
- A sábia Alexandrina do século IV...
- Já não vamos acabar assassinadas nas ruas pelos monges
cristãos misóginos, como ela. Claro, o mundo tem melhorado...
- Ninguém tem tentado assassinar a você...
- Durante o fascismo, Mussolini quis imitar Hitler na
perseguição dos judeus..., e tive que me ocultar por um tempo.
Mas não deixei de investigar: tinha meu laboratório em meu quarto...
E descobri a apoptose, que é a morte programada das células!
- Por que tem uma alta porcentagem de judeus entre cientistas
e intelectuais?
- A exclusão estimula entre os judeus os trabalhos intelectivos e intelectuais: podem proibir tudo, mas não que pensem!
E é verdade que tem muitos judeus entre os prêmios Nobel...
- Como você explica a loucura nazista?
- Hitler e Mussolini souberam como falar ao povo, onde
sempre prevalece o cérebro emocional por cima do neocortical,
o intelectual. Conduziram emoções, não razões!
- Isto está acontecendo agora?
- Porque você acha que em muitas escolas nos Estados
Unidos é ensinado o creacionismo e não o evolucionismo?
- A ideologia é emoção, é sem razão?
- A razão é filha da imperfeição. Nos invertebrados tudo
está programado: são perfeitos. Nós não. E, ao sermos
imperfeitos, temos recorrido à razão, aos valores éticos:
discernir entre o bem e o mal é o mais alto grau da
evolução darwiniana!
- Você nunca se casou ou teve filhos?
- Não. Entrei no campo do sistema nervoso e fiquei tão
fascinada pela sua beleza que decidi dedicar todo meu
tempo, minha vida!
- Lograremos um dia curar o Alzheimer, o Parkinson,
a demência senil?
- Curar... O que vamos lograr será frear, atrasar,
minimizar todas essas enfermidades.
- Qual é hoje seu grande sonho?
- Que um dia logremos utilizar ao máximo a capacidade
cognitiva de nossos cérebros.
- Quando deixou de sentir se feia?
- Ainda estou consciente de minhas limitações!
- O que tem sido o melhor da sua vida?
- Ajudar os demais.
- O que você faria hoje se tivesse 20 anos?
- Mas eu estou fazendo!!!!!

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