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sexta-feira, abril 3

Artur da Távola's

Afinidade

Não é o mais brilhante, mas é o mais sútil, delicado e
penetrante dos sentimentos. Não importa o tempo, a ausência,
os adiantamentos, a distância, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto de onde foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediante a vida. É a vitória do
adivinhado sobre o real, do subjetivo sobre o objetivo, do
permanente sobre o passageiro, do básico sobre o superficial.

Ter afinidade é muito raro, mas quando ela existe, não
precisa de códigos verbais para se manifestar. Ela existia antes
do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as
pessoas deixam de estar juntas.

Afinidade é ficar longe, pensando parecido a respeito dos
mesmos fatos que impressionam, comovem, sensibilizam.

Afinidade é receber o que vem de dentro com uma aceitação
anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com... Sem sentir contra, sem sentir para...
Sentir com e não ter necessidade de explicação do que está
sentindo. É olhar e perceber.

Afinidade é um sentimento singular, discreto e independente.
Pode existir a quilômetros de distância, mas é adivinhado na
maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar...

Afinidade é retomar a relação no tempo em que parou. Porque
ele (tempo) e ela (separação) nunca existiram. Foi apenas a
oportunidade dada (tirada) pelo tempo para que a maturação
pudesse ocorrer e que cada pessoa pudesse ser cada vez mais.

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