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sexta-feira, abril 24

Canção

Viver não dói. O que dói
é a vida que se não vive.
Tanto mais bela sonhada,
quanto mais triste perdida.

Viver não dói. O que dói
é o tempo, essa força onírica
em que se criam os mitos
que o próprio tempo devora.

Viver não dói. O que dói
é essa estranha lucidez,
misto de fome e de sede
com que tudo devoramos.

Viver não dói. O que dói,
ferindo fundo, ferindo,
é a distância infinita
entre a vida que se pensa
e o pensamento vivido.

Que tudo o mais é perdido.
.

Living does not hurt. What hurts
is the life we do not live.
The prettier in dreams
the sadder if it is missed.

Living does not hurt. What hurts
is time, this oneiric power
within which myth is cloven
that time itself will raven.

Living does not hurt. What hurts
is that weird lucidity,
made of hunger and thirst
when we raven everything.

Living does not hurt. What hurts,
wounding deep down, wounding,
is this endless distance
between life as we look it upon
and whimsies as we live them on.

For everything else is missed.

Emílio Moura

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